Por Fonte: O JÚBILO DE QUEM AMA. , | Abril 06, 2018 - 11:58
JOÃO FILSON SOREN- PRIMEIRO CAPELÃO MILITAR EVANGÉLICO QUE SERVIU NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1908 – 2002)
Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 21 de janeiro de 1908. Filho do pastor carioca Francisco Fulgêncio Soren (1869 – 1933) e da norte-americana Jane Filson Soren (1876 – 1969), o garoto Soren professou sua fé em Jesus Cristo aos oito anos de idade e foi batizado pelo pai no dia 14 de setembro no Templo da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. São suas estas palavras: “A minha infância me conduziu a uma juventude talvez precoce, porque o meu pai era o meu pastor e eu acompanhava muito o trabalho dele e me interessava muito por ele. Fazia muitas perguntas e, tanto que, às vezes dizia que eu era muito perguntador, mas eu tinha que aprender. De modo que eu tive uma juventude bem informada sobre o que era a vida batista e a Denominação batista e o porquê de muitas coisas batistas que nós não vamos encontrar nos tratados, mas nas experiências daqueles que nos precederam. Nisso que a nossa vida batista é muito rica.”
Estudou no Colégio Batista Shepard, fundado no ano de seu nascimento e, depois, sentindo-se vocacionado para trabalhar como missionário entre os índios ingressou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, mas ao final do primeiro ano recebeu convite para estudar no Estados Unidos. Transferiu-se em 1928 e passou a estudar no Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville, no estado de Kentucky. Aí recebeu o título de mestre em Teologia. “Fiz outros cursos, outras atividades, dois doutorados em duas instituições batistas famosas, uma delas onde o meu pai estudou (aliás, ele foi o primeiro batista brasileiro a estudar na América do Norte) porque quando ele se converteu aqui não havia seminário.
No Colégio Batista Shepard concluiu o bacharelado em Ciências e Letras, enquanto estudava matérias teológicas no Seminário Batista do Sul do Brasil, onde se formou em Teologia. Em 1928, com 20 anos de idade, embarcou para os Estados Unidos, onde fez mestrado em Teologia e Artes.
Retornou ao Brasil em 1933 e começou a dar aulas, de várias disciplinas no Colégio Batista. Seu pai, Francisco Fulgêncio Soren foi pastor da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, na Rua Frei Caneca, a partir de 1902 e até por volta de 1933. Surpreendido pela morte de seu pai em outubro de 1933, passou a ouvir comentários sobre sua ascensão ao ministério da PIB do Rio. Mas essa idéia até o aborrecia. Quando tinha 27 anos de idade, em 1935, João Soren foi ordenado ao Ministério Pastoral Batista, em 1º de janeiro de 1935.
Em 3 de janeiro, dois dias após a ordenação, assumiu o pastorado da igreja fundado pelo pioneiro William B. Bagby que havia pastoreada por seu pai. Em sua posse a igreja tinha 602 membros.
Foi casado durante 55 anos com a profª Nicéa Miranda Soren com quem teve três filhos; Marília, Cláudio e João Marcos, quatro netos e três bisnetos. Ficou viúvo em 14 de maio de 1990. Emocionado, falou da influência que a sua esposa tivera em seu ministério: “Conheci minha esposa aqui nessa rua (Rua Uruguai, Tijuca). Um dia depois orei. Ela era católica. A mãe dela foi a primeira a se converter na família. O pai dela, meu sogro, era mineiro conservador mas não apreciava o clero romano. Ele conhecia muitas passagens que o desiludiram. Teve mais dois filhos além de Nicéa que se converteram. Nicéa estudou no Colégio Feminino onde meus pais eram diretores. Um dia Nicéa disse que queria falar comigo sobre o assunto religião. Eu disse que tudo bem. Tratava de qualquer assunto. Esse era muito importante. Ela era pianista e eu violinista. Eu peguei o violino e o coloquei no compartimento. Ela veio dizer que havia assistido o culto, foi à Igreja algumas vezes. Então conversamos sobre nós.”
Durante seu ministério batizou 3.345 pessoas. Foi um Pastor singular. Teve um único ministério pastoral na vida (excetuando aqueles que acumulou como pastor interino). Pastoreou a Primeira Igreja Batista do Rio durante 50 anos consecutivos, passando o cajado em 1985, com uma igreja com mais de 3.200 membros. Seu pai foi Pastor da mesma Igreja por mais de 33 anos. Assim, os dois somaram na mesma Primeira Igreja Batista do Rio, cerca de 83 anos de pastorado, de 1902 até 1985.
João Soren Foi Presidente da Convenção Batista Brasileira por dez mandatos e Presidente da Aliança Batista Mundial de 1960 a 1965, sendo o primeiro latino a receber essa investidura. Foi presidente da Ordem dos Pastores do Distrito Federal (hoje Rio de Janeiro). Foi reitor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, orador e presidente da Aliança Batista Mundial, fundador da Sociedade Bíblica do Brasil.
Pertenceu à Academia Brasileira Evangélica de Letras e foi membro do Conselho de Administração do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro. A Faculdade Georgetown, em Kentucky – USA lhe conferiu o Doutorado em Divindade, em 1955 e a Faculdade Batista William Jewell, em Missouri – USA, o Doutorado em Letras, em 1960. Por sua incomum capacidade de tradução simultânea, serviu como intérprete, no Estádio do Maracanã, do grande pregador norte-americano Billy Graham, em 1960.
Entre outros, escreveu “Sermões” e “O Combatente de Cristo”
Em 1944, com 36 anos de idade, emocionou o Brasil ao apresentar-se como voluntário para servir como Capelão na II Guerra Mundial sendo convidado então para estruturar o Serviço de Capelania Evangélica que ainda não existia nas Forças Armadas brasileiras.
Foi nomeado Capelão Militar em 13 de julho de 1944 e classificado no 1º Regimento de Infantaria, (Regimento Sampaio). No dia 20 de setembro do mesmo ano embarcou com destino ao teatro de operações da Europa, onde permaneceu por 341 dias. Porém, continuou a pastorear a igreja que não abria mão de sua direção. Enviava cartas que era lidas e depois reproduzidas.
A contribuição cívica com que ele honrou sua pátria na condição de Capelão Evangélico das Forças Expedicionárias Brasileiras lhe rendeu as seguintes condecorações militares: “Medalha do Esforço de Guerra”, “Medalha da Campanha da FEB”, “Cruz de Combate Primeira Classe” e a “Silver Star” (do Exército Norte Americano).
Posteriormente, receberia ainda as seguintes medalhas, pelos mesmos motivos: “Mascarenhas de Moraes”, “Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial”, “Amigos da Marinha” e “Monte Castelo”, entre outras.
O trabalho do Capelão Soren no front de batalha foi tão importante, que o General Mascarenhas de Moraes, comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial, lhe prestou um elogio, publicado no “Boletim da Divisão”, de 28 de fevereiro de 1945.
Cerca de 600 soldados evangélicos integraram a FEB. Neste número não se acham computados os simpatizantes, os amigos do Evangelho e os eventuais assistentes ao culto evangélico protestante. O Capelão Soren preparou um hinário do expedicionário, intitulado “O Cantor Cristão do Soldado”. Embora o Ministério da Guerra se tivesse prontificado em fazê-lo, foi a Casa Publicadora Batista quem o fez em homenagem aos combatentes. Neste hinário, se tinha 101 hinos selecionados do Cantor Cristão, que era o hinário oficial da Igreja Batista na época. Os Militares Evangélicos iniciaram seus cultos no quartel do Regimento Sampaio, na Vila Militar logo que foram nomeados os capelães militares evangélicos, isto, já em agosto de 1944.
Foi organizado pelo pastor capelão Soren, o primeiro Coro Militar Evangélico do Brasil, tendo sido designado para dirigi-lo o sargento Júlio Andermann. No início eram 40 vozes, mas ao se apresentarem pela primeira vez na 1º Igreja Batista do Rio de Janeiro, o número já era de 70 vozes. Seu repertório todo era tirado do Cantor Cristão do Soldado, era executado a duas e a quatro partes. Era possuidor de belas e possantes vozes de baixo, cujo volume favorecia as execuções em campo aberto, com freqüência fazia-se ouvir em solos o sargento Júlio Andermann.
De volta ao Brasil, participou ativamente das atividades dos ex-combatentes, vindo a presidir, a partir de 1978, a Confraternização dos Ex-Combatentes e Veteranos Evangélicos da FEB (CONFRATEX-FEB), de que foi o idealizador.
É autor de um dos mais belos hinos e mais cantados no Brasil, o de nº 579, do Cantor Cristão: “Olhando para Cristo”, escrito em 1971. Como hinógrafo, inspirado como era, escreveu mais 08 hinos; “No Caminho do Senhor”, “A mão que me conduz”, “Com Jesus”, “Cristo Maravilhoso”, “Ò povo, vede a luz”, O Monte do Senhor”, “Fala e não te Cales” e “Olhando para Cristo”. Traduziu, “Que a Pátria inteira cante em teu louvor”.
Em 1998, prestes a completar 90 anos de idade, completamente lúcido e com vigor, concedeu uma entrevista a Clemir Fernandes Silva para a Revista Compromisso, e revelou que o texto bíblico que ele mais gostava era: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13) e disse ele: “Isso tem me levado a enfrentar tarefas, incumbências e ordenanças terrenas em condições impossíveis para mim. Nunca tem falhado.” O entrevistador perguntou-lhe que se ele “ tivesse que dar uma mensagem no púlpito, pregando para todos os crentes adultos no Brasil, que palavra seria?” – respondeu ele – “Que os crentes tivessem a preocupação primária de andarem, de atuarem sempre em acordo com o evangelho da Palavra de Deus. De pensarem em acordo com a Bíblia Sagrada. De buscarem a direção de Deus nas suas vidas, a Ele submissos. Então, outras dificuldades seriam superadas com mais facilidade.”
João Filson Soren faleceu, no Rio de Janeiro, às 21 horas do dia 2 de janeiro de 2002, aos 93 anos de idade.
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